Resultado das inscrições de estudantes – Polo Acari

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Segue abaixo a lista de estudantes para as turmas de pré vestibular e pré ENCCEJA. Conseguimos contemplar todas (os) que se inscreveram, através do aumento de vagas para a turma de pré vestibular. Esse aumento foi possível, pois a Associação viabilizou um espaço maior.

 

Lista de estudantes – turma Pré Encceja

Karoline cezario Santos 

Ingrid de lima freitas

Deisy krystine dos santos mendes 

Patricia Evangelista Rodrigues 

Marcele Karoline leal dos Santos

Yuri Matheus Cassiano Souto de Oliveira

Juliana Baptista Pinto

Luana ferreira da Silva 

Nilson constant Cândido 

Igor Freitas Quirino

Larissa Macedo Borges Geraldo

Daynara Miranda Oliveira

Jardel Costa Almeida

João Flávio Lopes de Souza

Caroline Antunes Trece

Rosana Ferreira dos Santos Deodoro

Monique dos Santos Nascimento

Wallace Rogério dos Santos Silva

 

 

Lista de estudantes – turma Pré Vestibular

Carla Augusta da Silva de Lma

Mônica da Conceição

Maria de Jesus  Cassiano dos Santos 

Larissa Cristina Bazete de Oliveira

Eliane Avelino da Silva

Eliane Avelino da silva

Thamiris Alves Araujo

Daiane Nunes de Freitas Ferreira

Andreza Cabral Gonçalves 

Sildia Bezerra Santiago Santos

Sildia Bezerra Santiago Santos

Stella Ferreira Marques

Jhenifer Raul Ferreira

Luiza Beatriz Costa Da Silva

Wallace da Silva Lima

Cinthia Mendes  Rodrigues da Silva 

Rachel pimentel alves

Rebeca castro de lima oliveira

Veronica Castro de Lima 

Bruna Siqueira da costa 

juliana Baptista Pinto

Laís Frichs Costa 

Ana Carolina das gracas vale pereira

Patricia Oliveira de assis

Aline ferreira da silva moraes 

Shirley Castro Melo da Costa 

Flávia Daniele Machado de Almeida 

Sara de lima leal

Elizabeth da Silva Gomes 

Nicholle Katlen faria Martins

Claudio Henrique Guimarães da Silva

Cláudia Ferreira motta

Luciana werly da Silva 

Beatriz da Silva de Oliveira

VICTORIA CRYSTINA FREITAS DA SILVA

Marcos Vinícius Dos Santos Marçal

Thaiane Silva nunes de freitas 

Yan souza Cruz 

Thaiane silva nunes de freitas 

Stefano dos Santos Borges

Raphael Batista Ferreira dos Santos

Vanessa de Oliveira Duarte da Silva 

Blenda Gomes Giampaoli

Thamyres Martins Ramos

Polo Bom Pastor do Pré Vestibular do NIDES abre vagas para alunos

Rio de Janeiro, 29 de março de 2018.

 
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Entre os dias 29/03/2018 e 04/04/2018 estão abertas as inscrições para a turma de pré vestibular do Projeto de Extensão Pré Vestibular Popular Educação para o Desenvolvimento Social polo Bom Pastor, promovido pelo NIDES/CT/UFRJ em parceria com a UNEAFRO e o Fórum Grita Baixada.
 
  • Inscrições:
As inscrições podem ser feitas através das fichas que serão distribuídas nas escolas públicas do bairro ou através do link:   https://goo.gl/forms/n07Me2I8PGwosc6m2
 
São 40 vagas. O público alvo são moradores e moradoras de Bom Pastor e adjacências.
 
  • Sorteio das vagas
As vagas serão sorteadas no dia 05/04//2018 no site do NIDES ()  no próprio dia do sorteio. 
 
  • Matrícula e início das aulas
Os sorteados deverão fazer a matrícula na aula inaugural, que será dia 07/04. Para a matrícula será necessário uma cópia de documento de identificação com foto. Alunos sorteados que não fizerem a matrícula até o dia 14/04 perderão a vaga que será cedida aos que estarão na lista de espera.
As aulas vão acontecer na Paróquia Bom Pastor. Endereço: Estrada Belford Roxo, 1475, Bom Pastor, Belford Roxo. Aos sábados de 9h as 18h.
Não será cobrada nenhum tipo de taxa ao longo do curso.

Polo Acari do Pré Vestibular Popular NIDES abre vagas para alunos

Rio de Janeiro, 20 de março de 2018.

 

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Entre os dias 19/03/2018 e 28/03/2018 estão abertas as inscrições para as turmas de pré ENCCEJA e pré vestibular do Projeto de Extensão Pré Vestibular Popular Educação para o Desenvolvimento Social, promovido pelo NIDES/CT/UFRJ em parceria com o coletivo Fala Akari e a Associação de Moradores de Acari e Adjacências.
 
  • Inscrições:
As inscrições podem ser feitas na Associação de Moradores ou virtualmente através do link https://goo.gl/forms/jrvVWk0cTSiELyWw2
São 20 vagas por turma. O público alvo são moradores e moradoras de Acari.
 
  • Sorteio das vagas
As vagas serão sorteadas no dia 29/03/2018 e os resultados serão divulgados em listagem na Associação de Moradores e no site do NIDES ()  até o dia 30/03/2018. 
 
  • Matrícula e início das aulas
Os sorteados deverão fazer a matrícula na aula inaugural, que será dia 02/04. Para a matrícula será necessário uma cópia de documento de identificação com foto. Alunos sorteados que não fizerem a matrícula até o dia 04/04 perderão a vaga que será cedida aos que estarão na lista de espera.
As aulas vão acontecer na Associação de Moradores de Acari, localizada na Rua Piracambu, 605, Acari. De segunda a sexta, das 18h as 21h.
Não será cobrada nenhum tipo de taxa ao longo do curso.

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Depoimento sobre o assassinato de Marielle Franco

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Por: Celso Alexandre Souza de Alvear – Pesquisador-Extensionista do Soltec e Professor do mestrado do NIDES

Rio de Janeiro, 15 de março de 2018

Em nome da diretoria do NIDES, escrevo esse depoimento:

Conheci Marielle em uma reunião na Comissão de Defesa de Direitos Humanos e Cidadania (CDDHC) da ALERJ no início de 2015. A convite do professor Meirelles, outra grande pessoa que perdi no ano passado, fui na CDDHC ver como poderia melhorar o processo de acompanhamento das denuncias de violáção dos direitos humanos. Desde a primeira reunião com a Marielle, fiquei impressionado com sua capacidade de diálogo, sua inteligencia, sua sensibilidade apesar de toda sua firmeza, sua paciência com todas e todos e muitas outras características que claramente a faziam uma liderança indiscutível.

Mas não era só isso, toda a história dela era incrível, mulher, negra, favelada da Maré, mãe bem cedo na vida, e apesar de viver na pele e na carne o que é ser isso no Brasil, conseguia ter paciência para dialogar e ter muito carinho por pessoas privilegiadas como eu, homem, branco, classe média, hétero, e mesmo com pessoas conservadoras. Mas essa calma e dialogicidade que ela tinha, em nada diminuia a capacidade dela de estar nas favelas, nas periferias, aonde tinha ocorrido uma chacina, ou seja, no front da luta sempre perto daqueles e daquelas que mais precisavam do apoio dela e da CDDHC. E não era só ela, era toda uma equipe da CDDHC, que ficava claro como respeitavam ela e estavam na luta lado a lado dela, e nunca abaixo ou atrás, outra característica que tornava ela uma grande liderança.

Assim, trabalhamos juntos durante 2015 na melhoria do sistema da ALERJ, junto com alunos da eletrônica e da computação da UFRJ. Não tenho dúvidas sobre como essa experiência mudou a vida deles, lembro de eles relatarem em aula como choraram ao ouvir alguns atendimentos da comissão. Depois convidei ela mais de uma vez para vir ao Soltec e ao mestrado do NIDES debater sobre Favela e Economia Popular e Solidária e Tecnologia e Racismo na disciplina Teoria Crítica da Tecnologia. E vinhamos dialogando para pensar outras ações conjuntas. 

Hoje, dia 15 de março de 2018, acordo e quando olho o celular vejo várias mensagens de alunas e alunos, de amigos e familiares sobre o falecimento da Marielle. Corri para ver as noticias na internet, torcendo para ser algum boato, mas não era. Além da tristeza enorme, por perder a liderança política que eu mais acreditava e uma grande amiga, meu sentimento maior no momento é de ódio. Ódio ao fascismo que vemos crescendo na sociedade, ao golpe político que vivemos desde 2016, mas que na verdade vem desde uma reconciliação com algozes da ditadura, o perdão de crimes contra a humanidade, e depois governos que cederam e buscaram conciliações inaceitáveis. Ódio a todos nós privilegiados que não fazemos o suficiente contra a morte diária de jovens, negras e negros, favelados, indígenas, quilombolas, agricultores familiares, mulheres e muitos outros grupos que vivem a margem de nossa sociedade.

Assim, vim hoje dar a primeira aula da disciplina da Teoria Crítica da Tecnologia. Quis inicialmente fazer uma homenagem a tudo que Marielle representou a muitos de nós que militamos por um mundo mais justo. Quis homenageá-la pela contribuição ao Soltec e ao mestrado do NIDES, e lamentar enormemente sua perda. Mas também quis dizer aos alunos que não podemos deixar esse sentimento nos parar e imobilizar. Marielle convivia com a morte de amigos da Maré e de outras favelas todo dia, e nunca parava. Eu, privilegiado que sou, não tenho o direito de parar ou de perder a esperança. E não posso nem tenho o direito de deixar esse ódio me consumir.

Disse para os alunos e reforço que hoje eu não tinha condições de dar aula, e que daqui a pouco iria para o velório e o ato, mas que outro professor continuaria a aula sobre o Capital. Que aqueles que tivessem condições físicas e psicológicas deveriam continuar na aula, pois para lutarmos pelo mundo que queremos não basta só ativismo, como também não basta só reflexão. Temos que alternar momenttos de ativismo e momentos de reflexão crítica, até para revermos sempre nossa luta. Infelizmente, nós que lutamos perdemos a toda semana amigos ou sofremos golpes a ataques políticos contra tudo que lutamos. Mas se ficarmos só reagindo a cada momento desse, não construímos a transformação que queremos para daqui a vários anos. Temos que lutar pelo hoje e pelo amanhã ao mesmo tempo, e isso é uma das coisas mais difíceis da luta, pois existem muitas contradições nesse caminho.

Deixo abaixo algumas fotos de Marielle no Soltec e na confraternização no fim da aula de TCT no ano passado. E parto com muita tristeza para o velório de minha grande amiga Marielle Franco.

Marielle no Soltec
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Marielle com a turma de TCT 2017.1

Planejamento Estratégico Anual 2018 NIDES

Rio de Janeiro, 7 de março de 2018.

 

Planejamento Estratégico Anual 2018 NIDES, realizado dias 05 e 06/03 na sala 1 do horto botânico do museu nacional da UFRJ, na Quinta da Boa Vista.

 

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Esperamos a comunidade  do Nides na Assembleia dia 10/04 na UFRJ para apresentação dos projetos e atividades deste ano!

Quinze anos de Soltec

Na semana que vem, terça feira dia 13/03/2018, celebraremos 15 anos de SOLTEC. Queremos muito a presença das pessoas queridas que ajudaram a construir o Núcleo de Solidariedade Técnica durante esse período. O evento ocorrerá no Auditório D220, das 8:30 as 16:30. Depois haverá uma confraternização no Grêmio da COPPE.

15 anos de soltec

 

 

Venha atuar como educador(a)/colaborador(a) no Pré Vestibular Popular!

 
Cadastre-se pelo link: https://goo.gl/forms/IogmghyHCfkp7LKn2
 
 
O Pré  Vestibular Popular é um projeto de extensão do Núcleo Interdisciplinar para o Desenvolvimento Social (NIDES) da UFRJ. Entre 19/02/2018 e 02/03/2018 estamos chamando pessoas que atuar conosco enquanto educadores (as) e/ou colaboradores (as). Para participar é preferencial estar cursando ou ter cursado ensino superior (ainda que incompleto). Nossa perspectiva é a metodologia participativa e a discussão de temas emancipatórios, além das aulas necessárias para aprovação.
São 4 polos:
Acari – Rio de Janeiro
Bom Pastor – Belford Roxo
Ocupação Solano Trindade – bairro São Bento – Duque de Caxias
Vila Residencial – Ilha do Fundão – Rio de Janeiro (polo experimental) 
 
O projeto vem sendo construído coletivamente em parceria com movimentos sociais como a União de Núcleos de Educação Popular para Negras/os e classe trabalhadora (UNEAFRO), Fórum Grita Baixada, Pré  Vestibular + Nós, Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), Associação de Moradores da Vila Residencial (AMAVILA), Associação de Moradores de Acari e Adjacências, Coletivo Fala Akari.
 
Faça já sua inscrição! Em breve, faremos contato para marcar nossa primeira reunião! 
 
Qualquer dúvida, entre em contato conosco através do e-mail: pvpnides@gmail.com
 

Luta Internacional do MST

ImagemBannerProtestoSOGAEm uma segunda-feira à noite em Berkeley (California/Estados Unidos), no dia 16 de outubro de 2017, cerca de 15 jovens se reuniram em um república de estudantes para começar a discutir temas como Capitalismo, Socialismo, Neoliberalismo, Racismo, Feminismo e luta pela terra. No centro do capitalismo mundial, discutiam como podiam desenvolver ações revolucionárias em suas localidades, inspiradas pela luta do MST.

 

Autor: Celso Alexandre Souza de Alvear (publicada originalmente em https://outraspalavras.net/brasil/sinais-da-presenca-internacional-do-mst/

 

Vim com minha família morar seis meses em Berkeley como professor visitante. Apesar de ter muitas lutas e reflexões de esquerda interessantes aqui, umas das coisas que me chamou mais a atenção foi como o MST é uma influência muito forte em grupos que trabalham com agroecologia e com a luta pela produção local de alimento e contra a especulação financeira na cidade.

 

SOGA2Perto da minha casa, conheci o SOGA (https://www.facebook.com/soga.garden/), uma horta agroecológica auto-organizada por estudantes da universidade de Berkeley. Nela, os estudantes produzem alimentos saudáveis, fazem atividades abertas aos moradores do bairro e promovem palestras e eventos culturais. Cerca de 400 kg de alimentos são doados por ano para um programa da universidade que ajuda estudantes pobres.

 

Uma dessas palestras foi com a militante Effie Rawlings, que tinha acabado de voltar de uma formação com o MST pela brigada internacional dos Amigos do MST, que passou pela Escola Nacional Florestan Fernandes e diversos assentamentos. O objetivo dessa palestra, além de retornar ao coletivo de estudantes sua experiência com o MST, era pensar estratégias de resistência para o SOGA, pois a universidade tem um projeto para construir novos prédios no terreno.

 

Aqui nos EUA, mesmo as Universidades Públicas são pagas (e são caras) e são gerenciadas com uma lógica empresarial, muitas vezes por reitores indicados por conselhos que tem como membros presidentes de empresas.

 

GillTract1Effie já tinha passado por processo semelhante quando era estudante na Horta Comunitária Gill Tract (https://www.facebook.com/ucgilltractfarm/) em 2012, na mesma cidade. Ela e muitos moradores do bairro ocuparam um terreno da universidade para evitar fosse vendido para gerar lucro para a universidade. A ocupação enfrentou agressão policial, processos na justiça e depois de muita luta junto com muitos moradores que entenderam a importância de transformar o terreno em uma horta comunitária, conseguiram negociar com a Universidade e a prefeitura sua permanência.

 

Assim, Effie se juntou com Rebecca Tarlau, que fez doutorado sobre o MST em Berkeley, vivendo em acampamentos e assentamentos por quase dois anos entre 2009 e 2015, com Dasha Pechurina e Grace Treffinger, ambas estudantes da universidade e coordenadoras do SOGA, para pensarem um grupo de estudos de formação política. As quatro militantes, inspiradas pela metodologia do MST, formaram a CPP (Coordenação Político Pedagógica).

 

GrupoEstudosNo dia 16 de outubro de 2017, começaram a primeira experiência desse grupo de estudos. Com duração de seis semanas, e com encontros semanais nas segundas à noite, debateram temas como marxismo, neoliberalismo, globalização, racismo, colonialismo, feminismo, movimentos de resistência, soberania alimentar entre outros. Além disso, usaram a pedagogia do MST, realizando místicas no início de cada debate, todos contribuíram trazendo lanches, dividiam a turma em Núcleos de Base e em cada semana um era responsável pelo trabalho manual como organizar o espaço da aula e limpar a louça no final.

 

Assim, esse grupo tinha como objetivo ajudar na formação política para que os membros do SOGA possam entender melhor o contexto em que a luta deles está e também em formas de se organizar para resistir com mais força. O MST nesse sentido é uma grande inspiração pra todos, com sua organização, com sua metodologia de educação, com sua solidariedade internacional e com todas as conquistas que teve ao longo de sua existência.

 

Como atividade final do grupo de estudos, seguindo a metodologia de sempre unir teoria e prática, o coletivo realizou um ato na Faculdade de Recursos Naturais da Universidade de Berkeley, no dia sete de dezembro de 2017, com o objetivo de pressionar a administração a desistir do projeto. Nesse ato foram realizadas místicas inspiradas pelo MST, uma conferência de imprensa para publicizar o problema, na qual o diretor da faculdade foi convidado a participar, e um debate público de forma a mobilizar mais pessoas a aderirem a essa luta.

SOGAProtestoVideo do ato em: https://www.facebook.com/soga.garden/videos/1506560222712948/

 

Aproveitei uma dessas reuniões para entrevistar a CPP e alguns alunos:

 

Celso: Como o atual contexto dos EUA com o Trump afeta a agricultura familiar e a agroecologia?

Grace: Nós estivemos envolvidas em lutas locais pela terra e pela agroecologia nos EUA e isso sempre esteve na margem. Agroecologia e reforma agrária não são apoiadas por republicanos ou democratas, pois são eles que aprovaram o NAFTA em 1994. Nenhuma partido apoia a agricultura em pequena escala nos EUA

Embora não sintamos em nossas organizações as consequências diretas de Trump ser eleito, ele mudou o contexto, ajudando a articular um projeto supremacista branco mais abertamente racista. Um efeito que observamos foi que isso pode ter levado a mais pessoas a se envolverem em ativismo. Por exemplo, um aumento no engajamento na SOGA.

No que diz respeito a maiores efeitos na agricultura, Trump alimenta o medo dos trabalhadores agrícolas imigrantes com potenciais efeitos para a agricultura (grande e pequena). Nós não estamos sentindo diretamente essas consequências em nossas organizações.

As implicações não são claras, mas sentimos um retorno ao paradigma neoliberal clássico com uma curva fascista da supremacia branca.

Um pedaço de esperança é que os movimentos da terra e da soberania alimentar estão em melhor posição do que na década de 90 globalmente. Embora não tenhamos apoio dos partidos políticos, estamos trabalhando para a transformação dos sistemas alimentares.

 

Celso: Como vocês tiveram contato com o MST?

Rebecca: Primeiro, é importante dizer para os brasileiros, que aqui nos EUA, os movimentos sociais fazem ações, protestos, marchas, mas não tem ações de educação e formação de seus membros, em praticamente nenhuma organização. E os movimentos sindicais antigamente eram instituições que faziam essa formação política dos trabalhadores, mas atualmente só formam as pessoas para serem membros do sindicato.

Assim, meu contato com o MST tem a ver com essa frustração em relação aos movimentos sociais daqui, e sua falta de ações de educação e formação política, e minha vontade de entender como os grandes movimentos sociais incorporam ações de educação.

Dessa forma, vim fazer doutorado aqui em Berkeley com o objetivo de estudar como MST incorpora a educação nas suas lutas. Desde 2009 comecei a frequentar assentamentos do MST, ou seja, durante aproximadamente oito anos pude aprender muito sobre como o MST insere a educação em sua luta, e mais do que qualquer outro movimento social que conheço consegue sempre envolver novas pessoas na organização, na liderança, ou seja são tantas lições para os movimentos sociais nos EUA. Pretendo agora trazer essas experiências para dentro dos movimentos sociais daqui.

Effie: Eu tive dois contatos com o MST. Minha primeira vez foi no congresso nacional em fevereiro de 2014 e minha segunda vez foi nesse ano junto com a brigada internacional dos Amigos do MST (Europa e EUA) na Escola Nacional Florestan Fernandes. Nessa brigada visitamos também quatro ou cinco ocupações e assentamentos e foi realmente inspirador ver o quanto o MST já conquistou em seus trinta e poucos anos, e me fez pensar como temos que agir em todos os níveis, elegendo candidatos, fazendo cursos dentro das universidades e fazendo ações direta como ocupações.

Então ver como isso funciona, ver pessoas que cresceram desde crianças nos acampamentos, como uma mulher que conhecemos, que se formou em economia e hoje ajuda cooperativas do movimento, conectando assim diferentes espaços do movimento dentro de uma estratégia.

Então, ainda é difícil de imaginar que chegaremos lá, como o MST, mas nos serve de inspiração para tentarmos atingirmos nossos objetivos.

Rebecca: É importante dizer também que eu e Effie fazemos parte dos Friends of MST (Amigos do MST), que é uma organização dos EUA feita inicialmente em solidariedade e para ajudar o MST, mas que hoje também é um coletivo organizado que busca trazer lições do MST para os movimentos dos EUA, por ter esse papel importante, conectando organizações da a América Latina e por todo o mundo, com formações em inglês e para países da Africa, para Índia, EUA e outros.

 

Celso: Por fim, como vocês imaginam que esse grupo de estudos pode contribuir na luta de vocês?

Dasha: O grupo de estudos nos ajuda a dar contexto a nossas lutas locais, para podermos fazer uma análise conjuntural de onde estamos. E assim pensar como colocarmos em prática esses conceitos que viemos aprendendo. E, para mim, uma coisa que venho aprendendo muito é como estruturar e organizar nossos coletivos e realmente gosto dessa ideia de grupos de base e como comunicar as ideias e informações para que as coisas aconteçam, sendo o MST a grande inspiração.

 

CPPFoto da CPP do curso (da esquerda para a direita: Grace, Dasha, Rebecca e Effie)

Convite para Solenidade de Encerramento do Curso de Extensão em