Engenharias Engajadas

Apresentação

enedsEsta projeto de pesquisa, contemplado com bolsas no edital PIBIC (http://posgraduacao.ufrj.br/pibic), analisa a perspectiva da engenharia que tem como ideal colocar o desenvolvimento técnico a serviço dos mais pobres (KAWAMURA, 1986) ou, como denomina mais recentemente Kleba (2017), insere-se na Engenharia Engajada, como um dos seus múltiplos (e distintos) ramos. Para isso, analisa a construção dos campos da Engenharia Popular (Encontros de Engenharia e Desenvolvimento Social – ENEDS e EREDS – https://eneds.org.br/), da Engenharia para o Empreendedorismo Social (ENACTUS – http://www.enactus.org.br/), da Engenharia Humanitária (Engenheiros Sem Fronteiras – https://esf.org.br/  e TETO – https://www.techo.org/brasil/), além de redes internacionais como a Red Colombiana de Ingeniaria para el Desarollo Social (ReCIDS – https://www.facebook.com/ReCIDS/) e Engineering for Social Justice and Peace (ESJP – http://esjp.org/). O caminho metodológico da pesquisa combinará a análise de documentos (publicações, sites, anais, programação dos eventos e caracterização dos inscritos) com a observação participante de projetos e dos principais encontros desses campos, além de entrevistas com membros-chaves desses diversos grupos.

 

Fundamentação Teórica

Para realizar a pesquisa, seguimos algumas pistas de trabalhos recentes, como Kleba (2017), que caracteriza a engenharia engajada, assim como trabalhos já clássicos sobre o tema, como Kawamura (1986), que aponta o papel da engenharia em uma sociedade capitalista. Conforme esta última, existiam, nos anos 1970-80, três vertentes principais da compreensão do trabalho da engenharia no país. A primeira delas tinha como horizonte a necessidade de modernização das grandes empresas privadas, de modo a que elas pudessem se tornar mais eficientes e competitivas. A segunda, que não se opunha necessariamente à anterior, tinha como perspectiva o desenvolvimento de tecnologia nacional. A terceira linha, minoritária, tinha como ideal colocar o desenvolvimento técnico a serviço dos mais pobres/excluídos.

tetoA terceira vertente – na qual esta pesquisa se insere – seguiu, de sua parte, periférica. Contudo, a partir da metade da década de 1990, e em resposta às crises geradas ou agravadas pelo neoliberalismo reinante no mundo desde a década anterior, ela experimenta um florescimento não desprezível, manifestado no (re)surgimento de uma pluralidade de iniciativas, no Brasil e fora dele, de um horizonte socialmente comprometido da atuação em engenharia. Elas, em conjunto, constituirão aquilo que Kleba (2017) chamará de engenharia engajada. Seriam exemplos disso movimentos como a Engenharia Humanitária (NIEUSMA & RILEY, 2010); a Engenharia para a Justiça Social e Paz (RILEY, 2008) e o campo da Engenharia e Desenvolvimento Social ou Engenharia Popular (ALVEAR et al., 2017).

Em comum, todas essas práticas de engenharia traduzem novas diretrizes profissionais, éticas e educacionais voltadas para a profissão da engenharia em sua relação geral com o estado, o setor privado e a sociedade civil (KLEBA, 2017). Elas, entretanto, são bastante diversas quanto aos objetivos intencionados, que podem ser a disseminação, ou seja, a inclusão social com acesso a tecnologias já disponíveis; a otimização tecnológica; e a revolução tecnológica. Tome-se como exemplo os automóveis. Pode-se permitir aos excluídos adquirir carros (inclusão), pode-se projetar carros menos poluentes e que evitem acidentes (otimização), ou pode-se buscar reinventar o conceito de mobilidade para além do automóvel na forma como ele é concebido hoje, provendo soluções que apresentem vantagens tecnossociais, econômicas e ambientais (KLEBA, 2017, p. 175).

Esta pesquisa se filia à última possibilidade, que o autor chama de revolução tecnológica, mas que já recebeu diversos outros nomes, como Tecnologia Social (DAGNINO, 2010), Adequação Sociotécnica (DAGNINO, BRANDÃO e NOVAES 2004), Racionalização Subversiva da Tecnologia (FEENBERG, 1992).

 

Objetivos

esjpGeral

Entender as diferentes perspectivas ideológicas, teóricas e metodológicas de grupos de engenharia que pretender atuar diretamente na transformação social.

Específicos

– Analisar publicações, programações de eventos e perfil dos participantes de encontros desses grupos de engenharia, como Engenharia e Desenvolvimento Social, Engenharia Popular, Engenharia Humanitária, Engenharia e Empreendedorismo Social, Red Colombiana de Ingeniería y Desarollo Social (RECIDS) e Engineering for Social Justice and Peace (ESJP).

– Fazer uma revisão bibliográfica sobre História da Engenharia (no Brasil e no mundo), Extensão, o Conceito de Tecnologia, Tecnologia Social e perspectivas de transformação social.

– Analisar as tecnologias que são desenvolvidas por esses grupos e em que medida se diferenciam das tecnologias convencionais, se aproximam do que é chamado Tecnologia Social e como incorporam perspectivas tradicionalmente excluídas nas tecnologias convencionais (de gênero, raça/etnia e classe).

– Entrevistar os principais atores desses grupos, para identificar suas visões, ideologias, perspectivas teóricas e metodologias.

– Levantar a história desses grupos, como se organizam, conflitos e controvérsias internas.

– Analisar esses dados e sistematizar em publicações (artigos e um livro)

 

Publicações

– ALVEAR, C. A. S. de; CRUZ, C. C.; MIRANDA, P. B. O campo da engenharia e desenvolvimento social no Brasil. Revista Tecnologia e Sociedade., Curitiba, v. 13, n. 27, p. 188-207, jan./abr. 2017. Disponível em: < https://periodicos.utfpr.edu.br/rts/article/view/4695>

– ALVEAR, Celso Alexandre Souza de; NUNES, Amanda Azevedo. ENGENHARIAS ENGAJADAS E SUAS IDEOLOGIAS. Anais do 1º Encontro Latino-Americano de Engenharia e Sociedade – São Paulo, 2019. Disponível em: <https://www.doity.com.br/anais/engenhariaesociedade/trabalho/89211>

– FRAGA, L. S. ; ALVEAR, C. A. S. ; CRUZ, C. C. . Na trilha da contra-hegemonia da engenharia no Brasil: da engenharia e desenvolvimento social à engenharia popular. REVISTA IBEROAMERICANA DE CIENCIA TECNOLOGÍA Y SOCIEDAD (EN LÍNEA), v. 15, p. 209-232, 2020. Disponível em: <http://www.revistacts.net/volumen-15-numero-43/365-articulos/907-na-trilha-da-contra-hegemonia-da-engenharia-no-brasil-da-engenharia-e-desenvolvimento-social-a-engenharia-popular>

– ALVEAR, C. A. S.; CRUZ, C. C. ; PASCHOAL, A. M.; ABREU, M. P. S. Prácticas de ingeniería comprometida en Brasil: convergencias y divergencias (resumo). Proceedings of XV International Conference on Engineering, Social Justice and Peace. Bogotá (Colombia), 2020.

 

Equipe

CelsoAlvear  

(coordenação)

Formado em Engenharia Eletrônica e de Computação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2005). Mestre (2008) e Doutor (2014) em Engenharia de Produção pelo do Programa de Engenharia de Produção (PEP) da COPPE/UFRJ (2008). É Analista de Tecnologia da Informação da UFRJ e atualmente está como Coordenador de Extensão do NIDES/CT/UFRJ.

 

     
Foto do(a) Cristiano Cordeiro Cruz  

Cristiano Cordeiro Cruz (coordenação)

Atualmente no pós-doutorado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), doutorou-se em Filosofia na USP (2017), onde realizou estágio pós-doutoral de janeiro de 2018 a abril de 2019. Possui graduação em Filosofia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (2008), além de graduação (1999) e mestrado (2002) em Engenharia Elétrica pela Unicamp.

     
 https://pps.whatsapp.net/v/t61.24694-24/73427492_268831880812367_7892273703508594635_n.jpg?oe=5EAA3AD7&oh=c61adda8c3350b48492f060ebee93777  

Aristides Montim Paschoal (bolsista de iniciação científica PIBIC)

Graduando em licenciatura em Ciências Sociais (IFCS/UFRJ)

     
https://pps.whatsapp.net/v/t61.24694-24/67785506_579087159292542_8816148410651377664_n.jpg?oe=5EAA3B1A&oh=8fffee0ad9aeeeafacf1f7d46a779a81   

Mariana Paiva Silva de Abreu (iniciação cíentifica voluntária)

Graduanda em licenciatura em Ciências Sociais (IFCS/UFRJ)

     
https://pps.whatsapp.net/v/t61.24694-24/74913929_266974377618599_184891980499073558_n.jpg?oe=5EAA3A40&oh=a879de607499dbc0622cb5a3c92bc80c  

Amanda Azevedo Nunes (colaboradora)

Graduada em Engenharia Civil (POLI/UFRJ) e mestranda em Tecnologia para o Desenvolvimento Social (PPGTDS/NIDES/UFRJ)